Seus sonhos foram despedaçados
Pertences todos roubados
Nem mesmo a dignidade sobrou
Simplicidade foi o que lhe condenou
Caído em desespero das rotinas
No palco da vida fecharam-se as cortinas
De mala e cuia jogado na rua
Seu cobertor foi apenas à lua
Hoje os “amigos” passam desapercebidos
Seu disfarce é os cabelos compridos
A barba desleixada por fazer
Para ninguém o reconhecer
Obrigado a vergonha largou
Fome nunca mais passou
Entre os olhares de pena
Encarava-os de forma plena
Pois certo dia se prostrou a matutar
No que estaria ele a errar
E o que fizera para isso merecer
De súbito pode então entender
Que o que lhe sobrava em riquezas
Encontrou no descaso e pobreza
O que antes fora ódio e dor
Tornou-se pedinte de amor